50 anos de cartoons – 2024.12.11
A Fundação Rui Cunha apresenta hoje, quarta-feira, dia 11 de Dezembro às 18:30, uma sessão do ciclo Pauta de Histórias, intitulada “António: 50 Anos de Cartoons”, à conversa com o Jornalista e Director de Informação e Programas Portugueses da TDM, Gilberto Lopes.
O entrevistador aproveita a passagem por Macau do famoso cartoonista português António Antunes, para falar da sua criativa e premiada carreira em incontáveis trabalhos para publicações como o “República”, o “Diário de Notícias”, “A Capital”, “A Vida Mundial”, “O Jornal”, ou o semanário “Expresso” onde permanece até hoje.
Esta será uma visita ao percurso de meio século do autor, que iniciou a sua carreira como cartoonista no vespertino “República”, na mesma data em que ocorreu a tentativa de golpe de Estado a partir das Caldas da Rainha, onde desenhou uma premonição da Revolução de Abril.
António começou a sua jornada na imprensa como uma “brincadeira”, mas a sua habilidade inegável de comunicar com humor – muitas vezes mordaz – provocando emoções complexas e gerando diálogos construtivos, resultaram num currículo recheado de prémios e distinções.
Pode a arte de um cartoon realmente provocar terramotos políticos e sociais à escala global?
Em 1993, António publicou no “Expresso” um desenho que gerou uma das maiores polémicas em Portugal: o Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, uma reacção às suas declarações durante a epidemia de sida em África. Este cartoon levou a discussões no Parlamento, após reunir 29 mil assinaturas.
Mais recentemente, o cartoon “Pax Canina”, publicado no “The New York Times”, retratou o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, gerando acusações de antissemitismo e levando o jornal a abandonar a publicação de cartoons na sua edição internacional.
Outro exemplo marcante é o cartoon “O gueto Varsóvia em Shatila”, que recebeu o Grande Prémio do Salão Internacional de Cartoon de Montreal em 1983, mas também provocou a ira da comunidade judaica. A imagem foi inspirada numa fotografia de um jovem do gueto de Varsóvia, retratando um campo de refugiados palestinianos em Shatila.
Neste contexto, surgem questões cruciais: Deve o cartoon, como forma de expressão artística e sátira, ter limites? Vivemos num mundo onde a moralidade é frequentemente imposta nas redes sociais, atacando as redações dos media. A liberdade de expressão dos cartoonistas está a ser restringida a nível global? O episódio do ataque ao Charlie Hebdo ilustra os riscos associados à tentativa de impor barreiras à liberdade de expressão?
A pressão sobre a liberdade de expressão cria um clima desfavorável para o cartoon. Muitos cartoonistas foram despedidos, censurados, presos ou exilados. Como António afirma: «Quem aprecia a liberdade só pode gostar de cartoons, e é nosso desafio lutar por isso e trazer o público connosco».
A co-organização do evento é da Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa em Macau e será realizado em língua portuguesa.
A entrada é livre.
Não perca!
Por Macau, Mais e Melhor!
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