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A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP) promove um diálogo com António, um dos mais relevantes cartoonistas do mundo, no próximo dia 11 de Dezembro, pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha.

Sob o tema “António: 50 anos de cartoons”, a conversa moderada pelo jornalista da TDM, Gilberto Lopes, revisita o percurso de meia década do autor, que iniciou a sua carreira como cartoonista no vespertino “República”, na mesma data em que ocorreu a tentativa de golpe de Estado a partir das Caldas da Rainha, onde desenhou uma premonição da Revolução de Abril.

António começou a sua jornada na imprensa como uma “brincadeira”, tendo colaborado com publicações como “Diário de Notícias”, “A Capital”, “A Vida Mundial” e “O Jornal”, antes de se tornar colaborador do “Expresso”, onde permanece até hoje.

A sua habilidade inegável de comunicar com humor – muitas vezes mordaz – provoca emoções complexas e gera diálogos construtivos, resultando em uma carreira repleta de prémios e distinções.

Mas a arte de um cartoon pode realmente provocar terramotos políticos e sociais à escala global?

Em 1993, António publicou no “Expresso” um desenho que gerou uma das maiores polémicas em Portugal: o Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, uma reacção às suas declarações durante a epidemia de sida em África. Este cartoon levou a discussões no Parlamento, após reunir 29 mil assinaturas. Mais recentemente, o cartoon “Pax Canina”, publicado no “The New York Times”, retratou o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, gerando acusações de antissemitismo e levando o jornal a abandonar a publicação de cartoons na sua edição internacional.

Outro exemplo marcante é o cartoon “O gueto Varsóvia em Shatila”, que recebeu o Grande Prémio do Salão Internacional de Cartoon de Montreal em 1983, mas também provocou a ira da comunidade judaica. A imagem foi inspirada numa fotografia de um jovem do gueto de Varsóvia, retratando um campo de refugiados palestinianos em Shatila.

Neste contexto, surgem questões cruciais: Deve o cartoon, como forma de expressão artística e sátira, ter limites? Vivemos num mundo onde a moralidade é frequentemente imposta nas redes sociais, atacando as redações dos media. A liberdade de expressão dos cartoonistas está a ser restringida a nível global? O episódio do ataque ao Charlie Hebdo ilustra os riscos associados à tentativa de impor barreiras à liberdade de expressão?

A pressão sobre a liberdade de expressão cria um clima desfavorável para o cartoon. Muitos cartoonistas foram despedidos, censurados, presos ou exilados. Como António afirma: “Quem aprecia a liberdade só pode gostar de cartoons, e é nosso desafio lutar por isso e trazer o público connosco.”

Convidamos todos a participar deste diálogo enriquecedor e a refletir sobre o papel do cartoon na sociedade contemporânea.

Nota Biográfica

António (António Moreira Antunes) nasceu em Vila Franca de Xira em 12 de abril de 1953.Tem o curso de Pintura da Escola Artística António Arroio, de Lisboa, iniciou-se no cartoonismo em 16 de março de 1974 no jornal República e é colaborador permantente do semanário Expresso desde o final de 1974.

Premiado internacionalmente é o autor de Figuras de Lisboa, 50 caricaturas de personalidades relevantes da vida política, cultural e artística da cidade, realizadas em pedra encastrada, que constituem a animação plástica da estação Aeroporto do Metro de Lisboa. É curador da Cartoon Xira e diretos do World Press Cartoon. Condecorado em 2005, pelo Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, com a Ordem do Infante Dom Henrique, no grau de Grande-Oficial. Medalha de Mérito Municipal de Valor Cultural – Dourada/ 2019 Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Condecorado, em 2023, pelo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem da Liberdade no Grau de Comendador.