Memórias, Viagens e Viajantes Franceses por Macau – 2023.05.09
A Fundação Rui Cunha apresenta hoje, terça-feira, dia 9 de Maio às 18:30, a obra de Ivo Carneiro de Sousa, “Memórias, Viagens e Viajantes Franceses por Macau, 1609-1900” (Instituto Cultural de Macau, 4 vols.), na Galeria da FRC.
A apresentação será feita pelo Prof. Doutor Joaquim Ramos de Carvalho, com a contribuição do autor, o Prof. Doutor Ivo Carneiro de Sousa, ambos docentes na Universidade Politécnica de Macau.
Esta obra, em quatro volumes, estuda uma impressiva colecção de 295 memórias textuais de Macau, escritas entre 1609 e 1900, que são resultado de quase uma década de investigações primárias em bibliotecas e arquivoscentrais, regionais e privados da França.
Estas memórias em viagem por Macau foram produzidas pelos mais diferentes autores e editores, desde prestigiados viajantes marítimos a missionários, militares, diplomatas, médicos da marinha, geógrafos, jornalistas, cientistas, ou os primeiros assumidos turistas, iluminando os diversos aspectos da vida social e económica, das gentes e dos espaços que tornaram Macau um território fundamental para o acesso da França ao grande Império do Meio.
Os quatro volumes editam com rigor estas 295 memórias que, deslindando autorias e apurando os seus sentidos narrativos, oferecem também aos leitores outros capítulos onde se estuda a história cultural, intelectual, diplomática e política que aproximou sucessivamente a França de Macau, culminando até 1859 com a activa presença dos seus embaixadores. Estes terão sido nomeados para ministros plenipotenciários na China, o que transformou a legação francesa na cidade num dos principais espaços de sociabilidade elitária e cosmopolita da época.
Entre 1857 e 1862, a ofensiva colonial francesa na Indochina, e a sua participação militar na chamada segunda Guerra do Ópio, ergueram mesmo um hospital militar em Macau, tratando mais de 2.000 feridos franceses. O profundo interesse da França pelo pequeno enclave do delta do Rio das Pérolas mobilizava enorme atenção, tanto da imprensa diária quanto de muitas revistas científicas e literárias, que, a cruzar a esta biblioteca única de memórias, ajudam a perceber quanto a imaginação francesa da cidade, das suas pessoas e coisas, contribuiu para escorar a representação cultural com que se foi seleccionando em textos e imagéticas o que se veio a destacar como património e história de Macau. Não admira, por isso, que estes textos tenham mesmo sido lidos por autores portugueses, para neles encontrarem a representação cultural de Macau que ficou.
“Memórias, Viagens e Viajantes Franceses por Macau (1609-1900)” é o sétimo título da “Colecção Farol da Guia”, destinada a estudar a cultura, a história e outros aspectos do património de Macau. Informação sobre o livro e acesso limitado a algumas das suas partes, encontra-se disponível na Livraria Online do Instituto Cultural (https://www4.icm.gov.mo/bookshop/pt/).
Ivo Carneiro de Sousa é actualmente Professor Associado no Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (Centre for Portuguese Studies) na Universidade Politécnica de Macau (UPM). Foi Professor Catedrático e ‘Associate Dean’ na Universidade da Cidade de Macau (City University, 2012-2018), Vice-Reitor, Professor Catedrático e ‘Personal Chair in History’ na Universidade de São José (St. Joseph University, 2006-2012), Professor Associado na Universidade do Porto, leitor na Universidade de Salamanca (Espanha) e na Universidade de Nápoles (Itália). Doutor em Cultura Portuguesa (1993) e Professor Agregado em História (1999), é autor de 22 livros académicos, incluindo quatro títulos referenciais sobre história social, cultural e religiosa de Macau, e três obras importantes sobre história e antropologia cultural de Timor-Leste. Ivo Carneiro de Sousa publicou mais de 200 artigos científicos em diversas revistas científicas da especialidade, coordenou vários centros e projectos de investigação, encontrando-se desde 2011 a desenvolver ampla pesquisa sistemática em arquivos e bibliotecas públicas e privadas sobre memórias, viagens e viajantes estrangeiros em Macau, de finais do século XVI a 1900.
A obra, que agora chega ao público, recebeu o apoio de uma bolsa de investigação académica do Instituto Cultural, seguindo-se nos próximos anos a publicação sucessiva de estudos sobre as memórias, viagens e viajantes espanhóis, britânicos, italianos, holandeses e norte-americanos.
A sessão será realizada em língua portuguesa e os livros poderão ser adquiridos durante a apresentação na Galeria da Fundação Rui Cunha.
A entrada é livre.
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