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POSTER-FBA Fundação Rui Cunha inaugura hoje, terça-feira, dia 13 de Junho às 18:30, a Exposição Individual “Engulfing”, de Chi Kei Kuok (郭芷淇), uma jovem artista local que apresenta uma variação sobre um conjunto de pintura tradicional chinesa Gongbi, com curadoria de Henry Wong (Sio Hang Wong).

As 27 obras apresentadas têm em comum o tema da imersão na água, o movimento de bolhas, as formas fluídas de elementos aquáticos, como os peixes, numa composição de cor que se repete de umas pinturas para outras. O curador Henry Wong considera a delicada técnica da artista como a «natureza poética do sofrimento»: uma submersão num mundo de precisão e detalhe na aplicação dos pigmentos minerais de cor, por camadas sobre a transparência da seda.

«Kuok não gosta de falar sobre os seus trabalhos. Quando discuti os trabalhos com ela, falou-me sobre o seu amor pelas bolhas e suas cores nestas pinturas, como se tudo fosse apenas porque fica bonito. Mas como é que ela, uma boa pintora de quadros no estilo chinês Gongbi, mudou o seu estilo e criou uma obra em larga escala apenas com ‘bolhas’? Isso implica que ela tinha realmente algo mais a dizer. (…) Na verdade, este trabalho não é tão tranquilo e enternecedor quanto parece, ele está envolto em inquietação», explica Wong.

E, no manifesto que assina, ele elabora a sua reflexão: «A relação entre as imagens e o público é assimétrica: as cores doces, as formas e combinações em constante mudança vão distraindo as emoções do público, de modo que, quando a bolha está a ser apreciada, esse peixe está a ser engolfado pelas bolhas que são a fonte do seu sofrimento. O peixe não é apenas um motivo, mas sim a encarnação da própria artista. Através desta representação, ela revela o seu sentimento de jovem contemporânea – um estado auto-imposto e solitário, formado nesta era altamente individualizada, incapaz de receber empatia», diz Henry Wong.

A artista confirma que «esta exposição pode ser considerada uma extensão do meu subconsciente. Mesmo que os outros possam entender as minhas emoções, eles não podem ter empatia total. (…) . Estas bolhas são os recipientes das minhas emoções e a sua dinâmica é o fluxo das minhas emoções e pensamentos», revela. O trabalho paciente e meticuloso parte da sua formação em Gongbi (工筆), uma técnica realista na pintura chinesa que significa pinceladas finas e requer um desenho com linhas delicadas para representar objectos, antes de serem adicionadas lavagens de tinta e cor, camada por camada, para se aproximar da perfeição do requinte e da arte.

Chi Kei Kuok nasceu em Macau e formou-se no Curso de Artes Visuais da Universidade Politécnica de Macau em 2022, com especialização em Pintura Chinesa. Ela é membro da Associação de Artistas de Macau, da Associação de Arte Juvenil de Macau, da Associação de Calígrafos e Pinturas Chinesas Yu Un de Macau e do Centro das Indústrias Criativas.

A mostra decorre até ao dia 17 de Junho de 2023.

A entrada é livre.
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